segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Garota debruçada sobre o suco de laranja

All the lonely people, where do they all come from??All the lonely people where do they all belong??


Há que se notar a sensibilidade do cidadão que escreveu Eleonor Rigby...e olhe que o cabra fez isso com menos de vinte e cinco anos de idade...

Estou há cerca de três ou quatro meses pedalando novamente e agora em companhia de um amigo com o qual mantenho a mais longa amizade da qual tenho conhecimento...algo como trinta e poucos anos...que eu me lembre outro dia desses eu sequer tinha trinta anos, mas enfim...idade é um estado de consciência.

Os passeios tem sido uma maneira legal de aliviar as tensões do dia a dia...mais do que ter que deter uma grande quantidade de informações, meu trabalho é voltado às necessidades pessoais e humores dos meus clientes.Por essa razão, sempre que posso, me mantenho próximo a pessoas com as quais posso interagir com naturalidade e franqueza e deste modo extravasar um pouco da minha verve tragicômica e rir de mim mesmo sem correr o risco de erros de interpretação.
O título desse post surgiu de uma parada em uma padoca do centro da cidade depois de uma longa pedalada. Eis que estávamos nós tomando um café, discutindo a flexibilidade do rabo da lagartixa, quando de repente na mesa ao lado senta-se uma garota.Note que o termo garota se refere ao meu referencial, haja vista que pela aparência ela é mais nova do que eu, o que não quer dizer necessariamente que tinha quinze anos.
Pois bem. Sem mais nem menos notei que a atenção do meu velho amigo estava não completamente, mas muito voltada para a figura da mesa ao lado e daí eu tive que interromper meu profundo raciocínio à respeito do pequeno réptil para perguntar ao meu ilustre interlocutor o que se passava ...e a resposta foi digna de uma sessão de análise... "Não sei porque raios me sinto atraído por mulheres assim....esquisitas".

Naquele momento virei os olhos para prestar atenção na peça...a garota se vestia de forma bem pouco convencional...um vestido ripongo do tipo "frequento o Centro Cultural", tinha um corte de cabelo que lembrava a Amelie Poulain e parada,se debruçava sobre um copo de suco de laranja, quase como se estivesse em profunda comunicação telepática com a bebida. Foi exatamente deste maneira que a deixamos por uma meia hora enquanto estavamos ali e assim ela ficou até que fomos embora.
Eu diria que a atração é um mero eufemismo. Em meio ao tédio de tantos lugares comuns, modas que lembram mais uniformes do que estética e pensamentos tolos e lineares acho que a gente acaba criando uma expectativa de algo diferente em alguém que de alguma forma aparente ser diferente.
A melhor parte da história na minha modesta opinião,foi que tudo isso se passou no campo da nossa observação e da conjectura...sinceramente não me sinto com muita vontade de conhecer e interagir com gente nova quanto mais dessa maneira...a chatice aguda anda solta lá fora.
Por outro lado sinto inveja dos pintores das escolas acadêmicas, que possivelmente ao se depararem com aquela figura naquela cena acabariam retratando algo bonito, interessante ou no mínimo pitoresco...como as artes plásticas não são minha praia ofereço a vocês meu relato e minha singelas reflexões...

Um comentário:

  1. hehehe
    Digo ainda mais, meu caro Dupont, atração é um mero eufemismo!
    Mas que culpa tenho eu se tudo que eu gosto é ilegal, imoral, ou engorda?


    (agora, afastado do momento, penso: será que a garota era portadora de Asperger?
    Isso explicaria muita coisa! huahauhuaha!)

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